DESENCONTRO










“Ah! Que saudade que eu tenho….” Author: Gabriel Chalita

Gosto muito de ler poemas. Gosto mais de lê-los do que ouvir um poema declamado. Quando você lê um poema, ele se torna seu. Você é o condutor das palavras, ritmando-as e enfatizando-as na cadência do seu sentimento e das lembranças que cada palavra tem o poder de fazer revelar. No entanto, jamais esquecerei a emoção que vivi ao ver o querido Paulo Autran, pouco antes de nos deixar, no centro de um palco, iluminado mais por sua presença do que pela tênue luz que o focalizava.  Com a alma descoberta, declamava:
” Ah! Que saudade que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais.” 
( Casimiro de Abreu)
E repetia….como um poeta fingidor, a dor que deveras sentia, no seu entardecer: “Ah! Que saudade que eu tenho…”
Os tempos que não voltam mais. Igual emoção encontrei nas palavras de Cony, na Ilustrada de hoje, do jornal Folha de São Paulo.  Divido a intensidade , a turbação desses sentimentos:
Composição escolar
( Carlos Heitor Cony)
“ERA UMA noite solitária do mês de abril dos anos mais antigos do passado. Eu estava na janela olhando a rua, e entre a janela e a rua havia um jardim.
O pai costumava, tão logo a noite caía, regar os nossos canteiros de tinhorões e avencas, os pés de roseira que ficavam do outro lado, costeando o muro que dividia a nossa casa de um palacete -o único palacete da rua e do bairro.
Verdade: o palacete era enorme, tinha uma escadaria de mármore que subia pela fachada principal -mas não havia jardins, nem sequer um tinhorão aveludado, nem sequer um pé de manacá como o nosso, que ali estava cheirando, molhado pelo anoitecer daquele solitário abril dos anos mais antigos do passado.
Eu olhava a noite e sentia o perfume que vinha do jardim umedecido. A rua não tinha cheiros, era apenas um espaço cor de cimento e pedra, naquele tempo quase não havia movimento, o bonde passava pontualmente de 15 em 15 minutos, era um bonde verde como um bicho de seda comprido, à noite ele vinha iluminado, vazio e inútil, levando ninguém para lugar nenhum.
Além do bonde, um ou outro carro deslizava pela rua vazia. Todas as noites, lembro que, pelas nove horas, passava um carro branco, último modelo na época; se a noite era quente, a capota estava arriada e dentro dele um homem vestido de branco, todo de branco, e houve noite em que, ao lado do homem vestido de branco, havia uma mulher também vestida de branco, um chapéu branco e enorme com enormes fitas brancas.
Anos depois, quando assisti pela primeira vez a “La Traviata”, no segundo ato, cheirando a jardim e a flor, lá estava a mesma mulher vestida de branco, com seu chapéu e suas fitas brancas.
Não entendi nada, mas guardei para sempre aquele encontro mágico que era tão meu. Na ópera, o pai se emocionava com a despedida da mulher que abandonava o amante, e eu tinha a certeza de que aquela mulher ali estava só para mim e para sempre. E passava pela minha rua num carro branco e nupcial.
Mas isso foi há muito tempo. Há tanto tempo que já não gosto mais daquele segundo ato, nem da ópera em si e, mesmo que gostasse, de nada me adiantaria: a rua foi asfaltada, perdeu a cor de cimento e pedra, ficou escura como uma enorme tira de fita isolante, os bondes foram arquivados e o palacete foi demolido, em seu lugar subiu um espigão sem forma nem cor.
E o jardim de nossa casa não mais existe, nem os tinhorões nem as avencas, o menino que ficava ali, olhando a noite e o jardim molhado, também ele não existe mais.
De tudo, o que restou foi o silêncio do menino olhando a noite e sentindo o perfume do jardim, esperando o carro branco e nupcial, a mulher com seu chapéu de fitas brancas que parecia ter saído do segundo ato de uma ópera. Além da noite e do jardim estava o mundo, a vida que se desdobrou para o menino, uma vida nem boa nem má, apenas vida -e bastante.
E onde está o carro branco que passava lentamente pelo meio da noite, aquele casal vestido de branco que vinha não sei de onde e se perdia naquela noite silenciosa do mundo?
Ficaram na memória do menino, com os cheiros e os tinhorões aveludados, o pé de manacá molhado, o bonde iluminado e vazio, o garoto olhando a solitária noite dos anos mais antigos do passado.
Mais tarde, o menino precisou fazer aquilo que os outros chamavam de “ganhar a vida”. Ele não sabia direito o que era aquilo, já tinha uma vida que lhe fora dada de graça, não precisava de outra, de ganhar outra.
Quando as coisas se complicavam para o lado dele, recorria àquela imagem distante, a rua deserta e perfumada pelo manacá, de repente o carro branco e silencioso passando devagar, a mulher com seu enorme chapéu de tiras brancas deslizando na noite do passado.
Os anos mais antigos também passaram, parece que nem tinham acontecido. O que acontecia agora era muito colorido, berrantemente colorido, o mundo é em cores e faz muito barulho, som e fúria que nada significam.
Mas o menino gosta de pensar neles, embora o homem tenha um pouco de vergonha em falar neles. “
Carpe Diem…


LIGAÇÃO AMOROSA: NÃO HÁ RECEITA. NÃO HÁ ESCOLA. NÃO HÁ MANUAL

Parceiros de um casal "perfeito" precisam se querer bem como se querem bem os bons amigos, e temperar esse afeto com a sensualidade que distingue amizade de amor. A melhor parceria deve ser aquela em que um aceita o outro sem ter de submeter a qualquer coisa pelo outro; em que um aprecia e admira o outro, mas tem por ele ternura e cuidados.

Se o outro servir de cabide para os nossos sonhos mais extravagantes de perfeição, o primeiro vento contrário derruba o pobre ídolo que não tem culpa de nada.

No casamento saudável há um propósito geral: quero passar com você o melhor dos meus dias, construir com você uma relação agradável, importante e definitiva.

É essencial não correr para os braços do outro fugindo da chatice da família, da mesmice da solidão, do tédio. É importante não se lançar no pescoço do outro caindo na armadilha do "enfim nunca mais só!", porque numa união com expectativas exageradas decreta-se o começo do exílio.

Amor bom, além do mais, tem de suportar e superar a convivência diária.

Na verdade, na parceria amorosa como tudo o mais recomeçamos tudo todos os dias. Então podemos tentar começar diferentes também aqui e agora. O cotidiano conforta, os seus pequenos rituais são os marcos de nossa vida mais segura, mas também traz desencanto e monotonia.

Precisamos de criatividade num relacionamento amoroso, dizem. O problema é que quando se fala em "criatividade" numa relação a maioria pensa logo em inovações no sexo, como se a solução estivesse em novas posições, outro perfume, artifícios exóticos.

Transar bem é resultado, não meio. Como deveriam ser os filhos: fruto de um afeto vivo, não instrumento para consertar o que está falido.

Passada a primeira fase da paixão, a gente começa a amar de outro jeito. Ou amar melhor; ou: aí é que a gente começa a amar; a querer bem; a apreciar; a respeitar; a valorizar; a mimar; a sentir falta; a conceder espaço; a querer que o outro cresça e não fique grudado na gente.

Amor é tarefa complexa, além de tudo porque para amar preciso primeiro me amar. Vou procurar um amor bom para mim - no qual me reconheço e me reencontro, me refaço e me amplio, me exploro, me descubro.

Uma ligação amorosa é uma longa elaboração: enfrenta toda uma série de transformações de parte a parte. Mudamos e os parceiros não mudam necessariamente no mesmo ritmo, com a mesma intensidade ou no mesmo sentido.

O instinto e o afeto é que fazem com que os bons casais, os casais amorosos, usem dessas fases de crise para se renovar e crescer, se possível juntos. Desde que o instinto seja saudável, o afeto seja bom, a personalidade aberta.
Não há receita. Não há escola. Não há manual.
Eugenio Santana

AO AMOR ANTIGO


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade

VERSO & PROSA. EROS E PSIQUÊ?

“O Amor é o desejo impossível de ser um quando há dois. Noutras palavras, é o desejo impossível da completude. ” (Lacan - psicanalista)

O Amor é Arte que se lapida, garimpa e burila. Inapelavelmente. Trabalho arqueológico exige dose extra de paciência, tolerância, compreensão para escavar fundo cada uma de suas camadas. Muitos se aplicam à superfície, ao prazer escondido na epiderme, destituído de delicadeza e poesia, embora pleno de volúpia. Como se o corpo andasse pela metade em ânsias de encontrar seu complemento; entregar-se ao jogo esfuziante de Eros, esse frenesi arrebatador que atrai os namorados ao mais libertino desnudar até que as energias se esvaem.

Tais namorados teriam preferido a morte prenunciada pelo êxtase. A lassidão que deles se apodera denuncia-se no silêncio aterrador, espíritos analfabetos dentro de corpos nocauteados pela lascívia. Silêncio que suplica por refugiar-se no sono. Já não há o que dizer. Se verbalizam, é o trivial, juras de amor eterno, galanteios de um ao desempenho do outro.

Todavia, as subjetividades permanecem indevassáveis. Um e outro teriam preferido estar a sós. Mas eis que se devem tolerar. Neófitos, não dominam a arte do silêncio; desperdiçam palavras, provocam barulhos, deixam-se levar por ridículos questionamentos quanto aos sentimentos mútuos.

Na dança de Eros, exibem-se em ritmos distintos. Par incompatível, para ele a música instiga ao apogeu do êxtase. Espada altiva, esforça-se por arrancar dela ao menos um dos infinitos estertores de que a mulher é capaz. Só então afunda a espada pra trazer lá de dentro, erguido à ponta, o troféu de sua virilidade. Se chegam juntos ao momento supremo, em que a morte os devolve à infância, abrigados em cavernas uterinas, retroagidos ao Paraíso, então, crianças de tenra idade, exprimem-se onomatopeicamente em grunhidos indecifráveis. Contudo suficientes para selar a atração.

Para ela não é a espada o fator decisivo na batalha. É o coração do guerreiro. Difusa, toda ela é banhada por Eros. Não quer chegar nem provar, quer apenas prolongar, perenizar, já que a morte é inevitável e imprevisível. Não quer ganhar o jogo, e sim prossegui-lo para todo o sempre. Se houver final haverá também perda. Quer que o amado a arrebate, seqüestre-a para mundos desconhecidos nos quais a linguagem cessa e o mistério irrompe.

Ela é poesia, ele, prosa; ela, curva, ele, reta; ela, chama viva de amor, ele, lenho que se consome tão logo é aceso o fogo. Quando partilham a cama e o teto, ela acredita que, com o tempo, ele haverá de mudar, e ele não muda; ele acredita que ela jamais mudará, e ela muda.

(EUGENIO SANTANA

OS SONHOS ALIMENTAM A VIDA: Augusto Cury



Os sonhos alimentam a vida

Os sonhos são como vento, você os sente, mas não sabe de onde eles vieram nem para onde vão. Eles inspiram o poeta, animam o escritor, arrebatam o estudante, abrem a inteligência do cientista, dão ousadia ao líder. Eles nascem como flores nos terrenos da inteligência
e crescem nos vales secretos da mente humana, um lugar que poucos exploram e compreendem. Há dois tipos de sonhos. Primeiro, os sonhos produzidos quando mergulhamos no sono.
Segundo, os sonhos que produzimos quando estamos acordados, vivendo as batalhas da existência, sentindo a vida que pulsa em nosso dia-a-dia.
Os sonhos gerados no sono têm grande importância para o desenvolvimento da inteligência, mas hoje quero falar sobre os sonhos diurnos. O sonho que produzimos quando choramos, brincamos, cantamos, falamos, silenciamos. O sonho que borbulha quando nasce um filho, quando conquistamos um amigo, ganhamos aplausos, recebemos vaias. O sonho que brota quando beijamos quem amamos. O sonho que surge quando a vida tirou, a alegria dissipou, a esperança partiu. Os sonhos que transformam o mundo. Os sonhos que nos inspiram a criar, nos animam a superar, nos encorajam a conquistar. Moisés, Maomé, Buda, Confúcio, Sócrates, Platão, Sêneca,Abraham Lincoln, Gandhi, Einstein, Freud, Max Weber, Marx, Kant, Thomas
Edison, Machado de Assis, Sun Tzu, Khalil Gibran, John Kennedy, Hegel, Maquiavel, Agostinho e muitos outros foram grandes sonhadores. Estes homens mudaram a história porque tiveram grandes projetos. Tiveram grandes projetos porque viveram grandes sonhos.
Deus também sonha? A arquitetura do universo com bilhões de galáxias e seus infinitos fenômenos parece gritar que não apenas existe um Deus por detrás da cortina da existência, como esse Deus tem um grande sonho! No entanto, parece que só os sensíveis ouvem a Sua voz.
Descobrir o sonho do Arquiteto da Vida, independente de uma religião, é a responsabilidade e talvez o maior desafio de cada ser humano.
( Nunca Desista de Seus Sonhos, Augusto Cury) 
/ por Camila Cury


COMENTÁRIO:Vera Lúcia Andrade
 

Sonhar é Viver!
Viver é Sonhar!
Só Vivemos porque sonhamos, quando criança com nossos desejos, medos e bincadeiras. Quando jovens com o nosso amor,o outro com o qual compartilharemos nossas vidas, quando sênior com a despedida da vida.Que todos nós possamos ter fé na eternidade e possamos nos despedir da vida com alegria em nossos corações pois a certeza de que apenas deixaremos o corpo físico nos dá muita tranquilidade e paz. Beijos

FELIZ DIAS DOS NAMORADOS

TE AMO, TE AMO, TE AMO






O DESEJO DE DEUS! Santo Anselmo


Pouquíssimos textos me fizeram em oração tão profunda quanto este, vou posta-lo e fique o voto que faça a todos que abrirem o coração transcenderem ao Amor.Abraço a todos


Vamos, coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um instante do tumulto dos teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te absorvem e livra-te das preocupações que te afligem. Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele.
Entre no íntimo de tua alma, afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que possa ajudar-te a procurá-lo; fecha a porta e põe-te à procura. Agora fala, meu coração, abre-te e diz a Deus: Busco a vossa face; Senhor, é a vossa face que eu procuro (cf. Sl 26,8).
E agora, Senhor meu Deus, ensinai a meu coração onde e como vos procurar, onde e como vos encontrar.
Senhor, se não estais aqui, se estais ausente, onde vos procurarei? E se estais em toda parte, por que não vos encontro presente? É certo que habitais numa luz inacessível, mas onde está essa luz inacessível e como chegarei a ela? Quem me conduzirá e nela me introduzirá, para que nela eu vos veja? E depois, com que sinais e sob que aspectos vos devo procurar? Nunca vos vi, Senhor meu Deus, não conheço a vossa face.
Que pode fazer, altíssimo Senhor, que pode fazer este exilado longe de vós? Que pode fazer este vosso servo, sedento do vosso amor, mas tão longe da vossa presença? Aspira ver-vos, mas vossa face se esconde inteiramente dele? Deseja aproximar-se de vós, mas vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-vos, mas não sabe onde estais. Tenta procurar-vos, mas desconhece a vossa face.
Senhor, vós sois o meu Deus, o meu Senhor, e nunca vos vi. Vós me criastes e redimistes, destes-me todos os meus bens e ainda não vos conheço. Fui criado para vos ver e ainda não fiz aquilo para que fui criado.
E vós, Senhor, até quando? Até quando, Senhor, nos esquecereis, até quando nos ocultareis a vossa face? Quando nos olhareis e nos ouvireis? Quando iluminareis os nossos olhos, e nos mostrareis a vossa face? Quando voltareis a nós?
Olhai-nos, Senhor, ouvi-nos e mostrai-vos a nós. Dai-nos novamente a vossa presença para sermos felizes, pois sem vós somos tão infelizes! Tende piedade dos rudes esforços que fazemos para alcançar-vos, nós que nada podemos sem vós.
Ensinai-nos a vos procurar e mostrai-vos quando vos procuro; pois não posso procurar-vos se não me ensinais nem encontrar-vos se não vos mostrais. Que desejando eu vos procure, procurando vos deseje, amando vos encontre, e encontrando vos ame.
 ÍtaLo ALessandro

TUDO POR AMOR


Faça tudo por amor, nada por obrigação.
E se disserem que você tem obrigação,
diga que só o amor manda em você,
porque ele é um sentimento irresistível
que sai do seu peito e vai conduzindo
você pelos rumos da vida.
O dia em que você atende a este amor
que fala no seu peito, é quando você
descobre a verdadeira paz.
Então, que não seja a paz uma palavra que eu digo,
mas a semente que eu planto, a flor que cultivo."
(Calunga)
 AMO TANTO, TANTO QUE A MINHA MAIOR HUMILDADE FOI CASAR COM ELE SOZINHA. SELMA

METADE


METADE
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os olhos, os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é a que grita e a outra metade é o silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que triste
Que o homem que amo seja para sempre amado mesmo que distante
Porque metade de mim é a partida e a outra metade é a saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece
Nem repetidas com fervor, apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a uma mulher inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço e a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é o abrigo e a outra metade é o cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra também.
Olwaldo Montenegro