ESTRANHO CONTATO

 Não pedi teu beijo cálido
Moça de pele branca e aveludada.
Chovia.
Amanhecia.
Entre névoa e neblina
- invadindo a cidade fria –
Nós nos amamos
Como dois pretéritos amantes cúmplices.

Quisera ver apenas
O desejo oculto em tua face redonda.
Equivoquei-me – vi, isto sim:
O teu cansaço e desencanto dissimulados
E a febre na epiderme.
Em meio ao frio cortante da madrugada
Osculei teus lábios úmidos e frementes
Com um sabor estranho de rum e vinho antigo.
 
Sem nada exigir ou prometer – e nem poderia...
Nas ondas selvagens do corpo a corpo
Navegamos molhados em duelo de amor
E a peleja se fez êxtase indescritível
E na guerra do amor louco; côncavo e convexo;
Permitimos-nos a libido da heroína e do vilão?
De vencidos e vencedores?

Em ti depositei – inviolável célula
Pura e pulsante semente de vidávida.
Ao final do estranho contato
Senti-me um moço-velho
Que não sabia mais sorrir
Dentro de ti – insólita Lilith-Mulher!

(Eugenio Santana, FRC

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